quarta-feira, 16 de novembro de 2011

História antiga do bairro Travessão

Pesquisar a história de um bairro é fundamental para a vida dos seus moradores, pois é através do resgate de conhecimentos e das culturas que surge a possibilidade de construir sua imagem social, de compreender o presente e principalmente modificar o futuro.
Grande parte das famílias que iniciaram a formação do bairro eram de origem alemã. Segundo Bernardo Kuhn, em 1943, moravam no travessão as famílias de Paula Johann, Werner Berlitz, Vicente Lehnen e Bernardo Kuhn. Com o passar do tempo, vieram outras famílias como: Kreuz, Johann, Hansen, Knorst, Hedler, Bickel, Feller, Bender, Fries, Shimitz, Gräwer, Enzweiller, Fritzen, Bervian, Schallenberger, Becker, Maldaner, entre outras.
Nessa mesma época, havia poucas casas, e elas eram construídas pelos próprios moradores porque não havia mão-de-obra especializada em construção. O material utilizado era palha, argila, areia e madeira extraía das árvores cortadas pelos habitantes. Nas casas não eram usados pregos, pois as madeiras eram simplesmente encaixadas. Mais tarde, os moradores passaram a construir chalés.
Por um longo tempo, a iluminação das casas era feita com lâmpadas de querosene, azeite ou amendoim e velas de cera. A energia elétrica somente começou a fazer parte da vida das famílias no dia 16 de agosto de 1959. Os moradores auxiliaram na construção da linha de luz, cotando árvores do mato de eucalipto transportando-as com seus bois até os buracos cavados.
No início existiam poucas estradas no bairro e grande parte delas era de chão batido. Os moradores locomoviam-se a pé e usavam cavalos e carroças como meio de transporte. O ônibus era utilizado somente quando os moradores se deslocavam para o centro da cidade ou para as cidades vizinhas.
No bairro existiam dois pontos comerciais: o armazém de Armando Johann, na BR 116 e o armazém de Alfredo Rübenich, na rua Alberto Rübenich. Nesses estabelecimentos eram vendidos tecidos, sal, açúcar, farinha de trigo, café além de outros produtos básicos de alimentação que as famílias não produziam. Os moradores colhiam alimentos, como cebola, aipim, batata doce, batata inglesa, feijão, verduras e frutas, bem como os derivados dos animais que criavam como carne, linguiça, leite, queijo, nata, manteiga, ovos, banha, torresmo, entre outros produtos e que também eram vendidas nesse armazém.
As doenças eram tratadas com remédios caseiros e, no bairro, não exista farmácia. Somente nos casos mais graves as famílias procuravam auxílio médico no centro da cidade ou no município de Novo Hamburgo. Os partos aconteciam em casa e, geralmente, com a ajuda de parteiras.
Todos os membros da família trabalhavam na roça para garantir seu sustento. Nos domingos, as pessoas costumavam ir à igreja e visitar os vizinhos. O contato entre os moradores era estabelecido nesses momentos.
Inicialmente não havia escola, os pais educavam os filhos como foram ensinados pelos seus pais. Mais tarde surgiu a escola multisseriada e nela, geralmente as crianças estudavam até o 5º ano. O professor era a autoridade, agia com rigidez e aplicava castigos físicos. Os alunos necessitava de poucos materiais, com caderno, lápis e borracha. Além disso, os estudantes utilizavam livros que eram aproveitados por vários alunos durante muitos anos.
Os moradores passaram por muitas dificuldades para construir o bairro Travessão. Entretanto os empecilhos de uma vida simples e sofrida foram amenizados pela convivência harmoniosa existente entre as famílias e pela garra de pessoas que sempre demonstram muita vontade de se desenvolver e ter uma vida melhor. O resultado da luta e do esforço desses moradores
é um bairro que possui infra-estrutura, comércio, educação e lazer.

Fonte:
Programa Carrossel de Letras. História e Memória: Seu Registro Pela Palavra: Travessão. Prefeitura Municipal de Dois irmãos. 2008.
Imagens: Maria R. B. Hansen

2 comentários:

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  2. Maria Regina, como é bom saber a história de cada lugar e como as pessoas viviam. Muito legal essa busca ao passado histórico. Prabéns

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